STF: MINISTÉRIO DE CRAQUES
- Hatsuo Fukuda

- há 22 horas
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O cronista vai tomar chá de flores de hibisco e comer biscoitos amanteigados. E falar mal das autoridades. Pode isso, Santa?

Encontro meu amigo Lúcio e proponho – eram quase cinco horas – tomarmos um chá de flores de hibisco acompanhado de biscoitos amanteigados.
Entramos no Otelo, e lá, Joelson, o garçom, com os olhos marejados, informou que o produto estava em falta. Fazer o quê?
Lúcio, sempre fiel a suas convicções revolucionárias, pediu uma Cuba Libre. Eu, um entreguista reacionário, fiquei na dose de uísque. Mas não aquele do Tennessee, que ninguém é tão entreguista assim. Tudo tem limites, ouviu, Dudu Bananinha?
E, para alegria de nossos cardiologistas, uma porção de torresminhos.
E passamos ao agradável esporte de estraçalhar nossos políticos de estimação, como sempre fazemos, entre uma gasosa e outra.
Ultimamente, nosso esporte favorito tem sido falar bem dos ministros do Supremo. Não fossem os ministros, nossa vida seria muito, muito tediosa. Graças a eles, a surrada conversa sobre restaurantes, futebol e mulheres gostosas – que tédio, rapazes, que tédio – ganhou um novo tempero.
Neymar? Chato. Andressa Urach? Sai pra lá. Quem matou Odete Roitman? Notícia velha.
Ministro Gilmar – centroavante do time – sempre pronto a chutar a gol. O líder da equipe, o homem comedido, sábio, ponderado, o mato-grossense que traz séculos de sabedoria ancestral. É um homem que pensa antes de falar, como devem ser os ministros. Gilmar, o Silencioso.
Fux, o Destemido. Sua cabeleira pujante só é inferior a sua coragem na defesa dos ricos e poderosos. A lenda de sua conversa com o ministro José Dirceu, que defenderia até a morte os interesses do PT – antes de ser nomeado -, entrou para a história:
- Deixa que eu mato no peito.
Matou e está matando. Avante, ministro!
Ministra Carmem Lúcia. Que orgulho para as terras brasílicas. Não verás em país algum uma ministra que cante e dance como ela. É um sonho vê-la, alegre, feliz, dançando com suas amigas. Carmem, a Sambista.
Fachin, o Atilado. Somente o Paraná poderia levar a Brasília um homem de vistas tão largas e linguajar tão claro, digno da terra do leite quente. Sua vivacidade intelectual lembra os píncaros do pensamento jurídico mundial. Se cantasse e dançasse, seria perfeito, mas este nicho já está ocupado.
André Mendonça, que ministro! Seu olhar meigo e gentil nos deixa enlevados. E quando começa a votar a favor da baderna, lembrando que Jesus manda oferecer a outra face aos inimigos da democracia, como não derramar lágrimas de crocodilo? Mendonça, o Evangelista da Baderna.
E o ministro Toffoli? Que homem, que coragem, que destemor! Verás que um filho teu não foge à luta? Para ele escreveram tais palavras. Como foi brando e gentil com seu benfeitor, Lula, quando esteve hospedado em Curitiba. Que coragem, que hombridade! Toffoli, o Leal.
Acabou a gasosa e iríamos pedir outra, mas o garçom, que nos ouvia, fez um sinal, antes que falássemos do Careca.
- Vai que ele está escutando?
Fomos tomar gasosa escondidos em um porão na Rua Ermelino de Leão, o Gato Preto. Comendo costela. Pelo menos os cardiologistas ficarão felizes.

Hatsuo Fukuda é um cronista sem-noção e se não houver chá, tomará uísque.










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