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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

O SEGREDO DAS PEQUENAS TAREFAS

É necessária uma postura zen para enfrentá-las?


O verdadeiro problema das pequenas tarefas do dia-a-dia é que elas nunca ficam prontas. A dona de casa lava a louça e quando percebe há novamente um prato sujo na pia. O homem acabou de ajuntar as folhas do quintal e o vento faz cair mais uma dezena delas. Você trocou seu bebê, deixou ele limpo e cheirosinho, quando escuta o barulho de mais uma bomba.


É da essência das pequenas tarefas do dia-a-dia que elas nunca terminem. Fazem parte da sua rotina. E tarefas rotineiras, por essência, repetem-se de quando em quando. Entretanto, para não enlouquecer com elas, é preciso adotar a postura correta. Frequentemente familiares brigam por questões insignificantes como estas. Pessoas podem ter ataques histéricos porque algo em que investiram seus esforços está novamente precisando cuidados.


Claro, se você é milionário pode se dar ao luxo de entregar-se apenas ao que deseja. Se você é milionário e respondeu não, talvez deva repensar suas prioridades. Este texto, dirige-se às pessoas normais, presas às contingências das finanças e da sobrevivência.


A postura correta não é exatamente uma impassibilidade zen. Sequer é necessária a famosa fleuma britânica. Basta entendimento, real compreensão da dimensão das coisas. Aqui vão algumas simples medidas, digamos, passos de entendimento que podem ser seguidos:


* Primeiro passo: compreensão do seu estado de espírito. Indague como você está se sentindo. Se estiver muito irritado ou infeliz por qualquer motivo, considere postergar a tarefa. Afinal, você não vai morrer por causa da louça na pia ou pelas folhas no quintal. Mas atenção: postergar não é possível indefinidamente e compreenda se não é meramente a preguiça que está te motivando.


* Segundo passo: compreenda que se tratamos de atividades rotineiras, por sua própria natureza, elas irão se repetir. Esta compreensão levará você a não se sentir frustrado/a quando seu filho jogar mais roupa suja no cesto que você acabou de esvaziar.

* Terceiro passo: entenda que se as tarefas rotineiras fazem parte do seu dia é preciso dar conta delas com alegria. Ponha uma música pra escutar enquanto lava a louça; cante enquanto trabalha no jardim ou aproveite o tempo disponível para desenvolver reflexões mais profundas. Você está envolvido com tarefas simples que não demandam grande empenho mental: pode ocupar a mente para outras coisas.


* Quarto passo: o entendimento zen. Esteja realmente presente em tudo que está fazendo, mesmo as coisas mínimas. Você vive no presente, desfrute sua vida nos momentos mais insignificantes. Você não vive no sonho enevoado que está no futuro distante, sequer no pesadelo de suas más experiências vividas no passado. John Lennon sabia: a vida é o que acontece com você enquanto está ocupado fazendo outros planos. Perceba que o entendimento zen não é contraditório ao terceiro passo. Você pode estar presente com a tarefa e ainda assim refletir em outras coisas.


Naturalmente, tudo isso é aprendizado e exercício. Você vai martelar o dedo e soltar um praga, ficar furioso com seu próprio desajeito ao quebrar uma xícara. Aos poucos perceberá que só martelou o dedo e quebrou a xícara porque não estava ali, vivendo o presente, mas perdido em devaneios de passado ou futuro. O exercício é diário e deve ser feito com satisfação, desfrutando o progresso e os frutos de bem estar que você vai colhendo.


Reserve, finalmente, momentos para esquivar-se ao presente. Estes momentos exigem uma postura mais contemplativa, talvez deitado ou confortavelmente instalado numa poltrona. Com ou sem som ambiente. Tanto faz. Aí você viaja, solta a imaginação, mas continua ciente de que sua razão comanda tudo.


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